A inovação no governo pode ajudar a solucionar problemas complexos que assolam a sociedade e precisam de resolução. Hoje em dia, já se conhece bem o seu potencial na iniciativa privada, mas não é só isso: temos cada vez mais exemplos de como inovar pode ser a solução também no setor público.
O mundo atual enfrenta uma série de questões urgentes — muitas delas, inclusive, agravadas pela pandemia de Covid-19. Nesse cenário, os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, são aqueles que se encontram diante de situações mais sérias, que demandam respostas assertivas e essenciais para que os cidadãos tenham uma vida digna com acesso ao que necessitam.
Assim, uma das perguntas fundamentais para a qual devemos olhar com mais atenção é como combinar métodos para resolver esses problemas sociais complexos. Já sabemos que a inovação surge de novas misturas de ideias, técnicas e mentalidades. Por isso, estimular pessoas a colaborarem a partir de repertórios distintos pode gerar soluções eficazes.
No entanto, antes de aprofundarmos a reflexão sobre inovação no governo e de que forma ela pode ajudar no avanço da sociedade combinando diferentes métodos, é importante entendermos o conceito de problema complexo.
Sabemos que problema é uma situação que precisa de solução e gera algum tipo de desconforto. Mas o que exatamente o adjetivo “complexo” acrescenta a esse contexto, além do fato de torná-lo mais “difícil” ou “complicado”?
Em primeiro lugar, os problemas complexos são caracterizados por possuírem fatores interdependentes e combinados que compõem a situação, além de condições inadequadas para a sua solução. Além disso, é importante notar que problemas complicados não são complexos, pois estes últimos se encontram em um nível de complexidade superior e por isso não terão respostas únicas ou certeiras.
A resolução de um problema complexo vai precisar considerar essas diferentes variáveis que o compõem e também a interação entre elas. De acordo com o autor Adam Kahane, que escreveu o livro Como resolver problemas complexos, esse tipo de situação pode ser caracterizado por três tipos de complexidade: dinâmica, geracional ou social.
No caso da primeira, causa e efeito são interdependentes, mas encontram-se distantes no tempo e no espaço, o que exige uma abordagem sistêmica. A complexidade geracional, por outro lado, indica um problema absolutamente novo, o que significa que o futuro é imprevisível e nada do que já foi criado no passado pode ser aplicado para solucioná-lo.
Já aquela social se dá quando os atores envolvidos têm interesses, perspectivas e entendimentos diferentes sobre a questão. Esse cenário demanda mais do que a participação de especialistas e necessita do engajamento desses diversos atores.
Nesta entrevista, é possível conhecer um pouco mais sobre a teoria de Kahane:
Muitas questões que enfrentamos como sociedade se encaixam nessas características, sendo consideradas, portanto, problemas complexos. Sendo a inovação resultado de um “combo” de pensamentos, ideias, estratégias e técnicas, ela pode ser muito útil para mostrar caminhos para essas situações — por isso a importância de falarmos sobre inovação no governo.
Mas, de que forma utilizá-la na prática para ter resultados no setor público? Segundo o Nesta UK, a melhor maneira de identificar soluções inovadoras e eficazes para problemas complexos é atuar de forma colaborativa e considerando os seguintes pontos:
Todos os métodos isolados e bem executados tendem a capturar aspectos particulares de um fenômeno da forma que foram projetados para fazer. Isso não invalida uma estratégia, mas é importante ter em mente as suas limitações e potencialidades, pois, de fato, cada uma irá encontrar uma solução diferente — o que, na verdade, pode ser bem positivo.
Os métodos são sustentados por sistemas de pensamento e medidas de valor, ou seja, não existe método neutro. Isso precisa ser considerado quando aplicarmos inovação no governo para resolver problemas complexos.
Os métodos têm, portanto, “preconceitos” inerentes e inevitáveis, cada um a sua maneira. Isso significa que trabalhar com uma equipe que usa diferentes abordagens envolve diferentes imperfeições que precisam ser consideradas e reconhecidas — o que não vai significar que as soluções encontradas não serão válidas.
Termos ou conceitos podem ter significados diferentes para pessoas diferentes, logo, outro ponto essencial é aprender a falar a mesma linguagem. O objetivo é evitar usar as mesmas palavras para falar de coisas diversas ou várias palavras para tratar da mesma coisa.
Cada metodologia costuma ter o seu vocabulário, mas, quando combinamos mais de uma, é preciso padronizar e criar uma linguagem comum e que todos entendam. Assim, no início é importante esclarecer significados e terminologias.
Aliás, por falar em linguagem, também é crucial mencionar a comunicação. O trabalho colaborativo que combina várias estratégias de inovação no governo para resolver problemas sociais complexos exige que os envolvidos se comuniquem bem e de forma clara.
Isso exige dos participantes humildade e disposição para se colocar em situações que nem todos dominam. Portanto, é preciso existir um ambiente com abertura a estímulo às perguntas e no qual se priorizem as respostas simples e objetivas.
Além disso, quando se trabalha dessa forma, também podem surgir debates e discordâncias, mas é possível tornar esses momentos produtivos para o grupo.
Ainda nesse sentido, em um grupo formado por pessoas que trabalham com métodos diversos haverá visões diferentes do problema. Sendo assim, é preciso haver flexibilidade e abertura às diferenças da parte de todos.
Os problemas complexos precisam, necessariamente, ser abordados por uma combinação de métodos e a inovação no governo pode trazer isso de forma muito efetiva.
É o que tem mostrado os projetos que vêm sendo desenvolvidos pelo Instituto Tellus em parceria com realizadores da iniciativa pública e privada. Conheça alguns deles:
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