Iniciativa de Ensino Híbrido: projeto da Secretaria de Educação de SP realizado pelo Instituto Tellus impacta 500 mil jovens

A Iniciativa de Ensino Híbrido é fruto de uma parceria entre a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (SEDUC-SP) e o Instituto Tellus, com apoio do Parceiros da Educação, Fundação Lemann e Imaginable Futures. O projeto teve como desafio elaborar um piloto no âmbito do ensino híbrido para ser implantado em 2021 na rede estadual de SP.

Como sabemos, a pandemia de Covid-19 trouxe uma série de mudanças para a sociedade e exigiu adaptações em vários aspectos. A necessidade de distanciamento social impediu as aulas presenciais normais, o que causou transtornos para o ensino e obrigou os governos e as escolas a criarem às pressas estratégias de ensino remoto e/ou híbrido.

O ensino híbrido consiste em uma abordagem que mescla períodos presenciais e online na educação, integrando, para isso, alguns recursos tecnológicos. Diante do contexto ainda incerto de 2021, o governo do Estado de São Paulo decidiu investir em um projeto desse tipo para impactar 500 mil jovens em situação de vulnerabilidade. Assim surgiu a Iniciativa de Ensino Híbrido, sobre a qual trataremos neste artigo.

Sobre o projeto Iniciativa de Ensino Híbrido e a realização do Instituto Tellus

A Iniciativa de Ensino Híbrido teve como objetivo apoiar o processo de aprendizagem dos estudantes, ampliando a carga horária das escolas estaduais com atividades complementares online e oferecendo acompanhamento de professores por meio do Centro de Mídias de Educação de São Paulo.

O papel do Instituto Tellus nessa trajetória foi de oferecer o suporte necessário à secretaria em questão para a elaboração das trilhas formativas e jornadas dos estudantes e professores dos Anos Finais e Ensino Médio. 

Para concretizar esse propósito, foi utilizada a metodologia autoral do Instituto Tellus, que possui quatro etapas: diagnóstico, exploração, cocriação e implementação. Na Iniciativa de Ensino Híbrido, foram realizadas as três primeiras.

Diagnóstico: o pontapé inicial do projeto

A primeira etapa da metodologia é dedicada a uma análise ampla que visa encontrar inspirações e identificar oportunidades. Assim, o pontapé inicial do projeto foi dado com a realização de uma pesquisa – desk research – para tomada de conhecimento sobre as principais tendências nacionais e internacionais em termos de ensino híbrido.

Entre os programas analisados, estavam iniciativas como o BRAC. – Back to Basic, realizado na Tanzânia, Bangladesh e Uganda, o brasileiro Grupo Saber – Plataforma Plurall e o Aprendizagem 360 graus – Projeto “n47e8”, da Suíça. 

Todos os três surgiram como resposta ao Covid-19 e tinham propostas distintas, o que gerou diferentes insights para o projeto da SEDUC-SP. O incentivo à autonomia, a abordagem lúdica, o professor como mentor e a integração escola-casa foram alguns dos aspectos que chamaram atenção. 

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Exploração: um mergulho no contexto da Iniciativa de Ensino Híbrido

Enquanto no começo, o olhar da equipe se voltou para o que estava sendo feito em outros lugares, na fase da exploração olhou-se para a realidade do projeto em questão a fim de aprofundar o contexto no qual ele está inserido.

Portanto, nessa etapa foram realizadas escutas com professores e gestores da rede estadual de São Paulo por meio de grupos focais remotos. A finalidade era compreender as suas expectativas, desejos e necessidades para a criação de uma iniciativa complementar ao tempo regular de aula. Ao todo, foram ouvidos:

  • 20 professores do Ensino Médio;
  • Oito professores de Anos Finais;
  • 15 professores do Centro de Mídias;
  • 12 professores do período diurno;
  • Oito professores do período noturno.

Principais percepções das primeiras etapas do projeto

Essas primeiras fases de desenvolvimento da Iniciativa de Ensino Híbrido geraram algumas percepções importantes para o prosseguimento do projeto:

  • Os professores precisam de formação para usar ferramentas e adquirir conhecimento sobre o ensino remoto/híbrido e de apoio para acesso aos dispositivos adequados;
  • É necessário capacitar os professores para lidar com alunos em situação de vulnerabilidade social e defasagem de aprendizagem;
  • Os estudantes costumam ser estimulados por gamificação e competição e precisam de recompensa, seja via nota ou premiação. Se interessam por empregabilidade, projeto de vida e temas como artes, música, poesia e tecnologia;
  • Os conteúdos devem ser simplificados e de fácil acesso por dispositivos mais antigos e baixa conexão com a internet;
  • É importante fornecer acompanhamento socioemocional aos alunos para além da sala de aula.

Cocriação: as soluções propostas pela Iniciativa de Ensino Híbrido para a rede estadual de SP

A etapa da cocriação visa reunir o maior número de atores envolvidos no projeto para pensarem coletivamente as ideias e hipóteses. Assim, a partir dos insights colhidos nas primeiras fases, para criar as Trilhas Formativas, a equipe Tellus decidiu atuar em três grandes frentes:

  • Arquitetura das Trilhas + Jornada dos Usuários: definição dos eixos estruturantes e carga horário para cada caso para, a partir disso, desenhar a Jornada de Professores e Estudantes, desde a inscrição até o programa rodando.
  • Sequenciamento de Conteúdos (6º a 3º ano EM): realização de curadoria de conteúdos em Língua Portuguesa e Matemática para reforço dos estudantes na plataforma do Centro de Mídia de Educação de SP e plataformas parceiras.
  • Material de Apoio (professores e estudantes): criação de Cadernos para Professores e Estudantes com explicação sobre a iniciativa e orientação para participação, além de dicas de boas práticas e ferramentas para planejamento das aulas.

Como eixos estruturantes da trilha formativa foram estabelecidos o apoio à aprendizagem – com reforço de conteúdos –, as missões – desafios práticos para serem resolvidos em grupo – e a orientação de estudos – encontros semanais do professor com os grupos para planejar a execução da missão.

O sequenciamento de conteúdos que foi alocado na plataforma e inclui a seleção de 893 horas de conteúdos adaptados conforme a carga horária prevista e 2.356 atividades, entre videoaulas, exercícios e jogos. Além da definição das jornadas, foram aprofundados os aspectos de operacionalização das etapas, distinguindo as ações de cada ator – SEDUC-SP, estudantes e professores.

Algumas das entregas da Iniciativa de Ensino Híbrido realizadas pelo Instituto Tellus – tanto as previstas quanto às adicionais – contemplaram Pesquisa de Benchmarking, Jornada dos Usuários, Ferramentas de Registro, Boas práticas, entre outros.