Implementar soluções inovadoras no setor público é complexo e desafiador por uma série de razões. Falta de recursos, burocracia, insegurança jurídica e ausência de equipe especializada são alguns dos entraves enfrentados, principalmente, quando se trata de inovação na gestão municipal.
Enquanto os estados e o governo federal, em geral, contam com estruturas maiores e regulações específicas, além de ter acesso a verbas mais altas, os municípios, normalmente, vivem situações bem diferentes nesse sentido. Por isso, embora seja desejo da grande maioria dos gestores — 90%, de acordo com pesquisa realizada pelo Plano CDE —, esse cenário acaba dificultando bastante os processos de inovação nessa esfera.
No entanto, promover a inovação na gestão municipal, apesar dos obstáculos, é possível e traz inúmeros benefícios para municípios, funcionários e cidadãos. Nesse contexto, o programa Cidades e Territórios do Instituto Arapyaú criou o projeto-piloto Fortalecendo capacidades institucionais em municípios para soluções inovadoras.
Para compartilhar os aprendizados dessa experiência, de modo que cada vez mais gestores municipais se sintam inspirados a inovar, o programa contou com a parceria técnica do Instituto Tellus na sistematização do conhecimento e na tradução dos resultados. É sobre esse trabalho que trataremos neste artigo. Acompanhe para saber todos os detalhes!
O projeto piloto Fortalecendo capacidades institucionais em municípios para soluções inovadoras foi realizado dentro do âmbito do programa Cidades e Territórios pelo Instituto Arapyaú nos municípios de Aracaju (SE), Blumenau (SC), Cachoeira de Itapemirim (ES) e Caruaru (PE). O seu principal objetivo é promover transformações nas equipes das gestões municipais e nas áreas jurídica e fiscal.
O Instituto Tellus entrou no projeto com o desafio de sistematizar os aprendizados do projeto piloto, trazendo iniciativas já implementadas e em implementação, possíveis de serem replicadas, dialogando tecnicamente com o desenho das soluções e parceiros, e traduzindo os resultados para uma linguagem simples.
Para tanto, utilizou a sua metodologia autoral inspirada no Design Thinking e no Design de Serviços, passando por três fases distintas: Diagnóstico, Exploração e Cocriação. Dessa forma, na primeira etapa, a equipe buscou entender melhor o programa e o seu contexto de inserção.
Assim, por meio da consulta aos resultados da pesquisa do Plano CDE, foram elencados os cinco principais entraves para a inovação na gestão municipal:
“Era esperado que os desafios para promover a inovação nos municípios fossem os mesmos enfrentados pela própria gestão municipal no seu dia a dia. Isso nos mostra que, cada vez mais, a inovação governamental tem que ser parte essencial da própria gestão pública e não uma agenda à parte que responde a questões específicas”, explica Marcelo Cabral, na época, gerente do programa Cidades e Territórios pelo Instituto Arapyaú.
Em um segundo momento do trabalho do Instituto Tellus, na etapa de Exploração, buscou-se aprofundar as circunstâncias do desenvolvimento do projeto piloto. Isso demandou a análise de mais de 20 documentos dos quatro municípios e materiais produzidos pelos parceiros técnicos para entendimento do projeto e das entregas feitas entre 2019 e 2020.
Além disso, foram realizadas, ainda, 23 entrevistas em profundidade com participantes do projeto piloto — parceiros técnicos e gestores municipais — e especialistas, para entender os detalhes das ações realizadas, a organização do projeto e o relacionamento entre os atores envolvidos. Com base nisso, partiu-se para a organização, sistematização e análise das informações por meio da utilização da plataforma online MIRO.
Durante a fase de Cocriação, a equipe Tellus buscou criar, junto aos atores envolvidos e especialistas convidados, ideias de soluções para a sistematização dos aprendizados sobre inovação na gestão obtidos durante a realização do projeto piloto do Instituto Arapyaú.
Para isso, foi promovida uma oficina de cocriação com 16 participantes de diferentes organizações a fim de desenhar possibilidades de formatos e canais em que a história do projeto poderia ser contada. Além disso, também foi realizada uma oficina de cocriação interna com consultores Tellus para o desenvolvimento de recomendações a partir dos desafios mapeados para a realização de uma possível nova edição do programa.
A partir desses dois encontros, foram desenhados os produtos finais da sistematização, que aprofundaremos a seguir.
Trata-se de um documento que conta a história do projeto piloto, desde a pesquisa do Plano CDE realizada em 2018, que serviu para embasar os eixos do programa, até o desenho final e a implementação nos municípios, contemplando-se as seguintes frentes de análise:
Material produzido com base no mapeamento de boas práticas de inovação na gestão municipal vivenciadas no âmbito do projeto. Isso tanto em termos de metodologia de resolução de problemas, quanto de soluções criadas para os problemas priorizados.
As experiências vivenciadas apontaram seis elementos importantes para inovar nessa esfera:
Como foi dividido em seis grandes temas, foi feita a analogia do “cubo mágico da inovação”, que é possível conhecer melhor no vídeo teaser Caminhos para inovação:
“Acredito que a sistematização dessas experiências é uma oportunidade incrível para mostrar na prática que é possível inovar no governo – seja com grandes mudanças ou pequenos passos – e, assim, inspirar outros gestores municipais a empreenderem transformações significativas ao longo de suas gestões. O Cubo Mágico da Inovação é um dos jeitos de contar essa história, mas, sem dúvida, cada município poderá adaptar, modificar, testar e se apropriar das práticas para promover as ações que façam mais sentido para a sua realidade, sem ter que começar do zero”, destaca Daniella Dolme, líder do projeto pelo Instituto Tellus.
Por fim, ao realizar a análise completa dos principais desafios enfrentados ao longo do projeto piloto, a equipe Tellus preparou uma série de recomendações para nortear o redesenho do programa.
Nesse sentido, foram identificados os pontos principais a serem aprimorados pelo Instituto Arapyaú em uma próxima edição. O conteúdo é apresentado em um grande infográfico de maneira resumida, em cards de desafios e recomendações e em um tabuleiro que serve como guia com as etapas a serem seguidas.
Para Germano Guimarães, cofundador e diretor presidente do Tellus, “o projeto reúne ferramentas, experiências e aprendizados vivenciados na prática pelos quatro municípios que participaram do projeto piloto e promoveram a inovação de maneiras diferentes em cada uma de suas gestões. Acreditamos que o conteúdo será de grande inspiração para que outros municípios busquem dar os primeiros passos para colocar em prática a inovação na gestão pública”.
Todos os materiais desenvolvidos com a finalidade de compartilhar a experiência de inovação na gestão municipal e os aprendizados do projeto piloto Fortalecendo capacidades institucionais em municípios para soluções inovadoras estão disponíveis no site: https://sites.google.com/tellus.org.br/sistematizacao-arapyau.
Programa de Inovação do TCU: Instituto Tellus realiza curso de design de serviços públicos para instrumentalizar servidores do órgão
Iniciativa de Ensino Híbrido: projeto da Secretaria de Educação de SP realizado pelo Instituto Tellus impacta 500 mil jovens
Projeto de qualificação do atendimento nas policlínicas de Santos tem desenvolvimento do Instituto Tellus