De acordo com a Constituição Federal, a saúde é um direito de todos e um dever do Estado. Com o intuito de melhorar o acesso da população e reestruturar a atenção básica de saúde no seu território, o Distrito Federal começou, em 2017, a implementação da Estratégia de Saúde da Família. Como parte desse movimento — e com financiamento do BNDES, patrocínio da AMBEV e realização do Instituto Tellus —, concretizou-se o Projeto Viva Saúde, que teve vigência do contrato entre 01/09/2017 e 28/02/2018 e retorno entre 01/10/2018 e 31/12/2020.
A iniciativa teve o objetivo de contribuir efetivamente para reduzir as desigualdades regionais, distribuindo de forma equilibrada os serviços e propiciando o cuidado integral à saúde, bem como a satisfação dos usuários.
Assim, o projeto Viva Saúde buscou novas soluções de atendimento e fez a readequação do espaço da Unidade Básica de Saúde 8 de Ceilândia (UBS 8), a fim de promover a humanização e melhorar a qualidade dos serviços oferecidos, além de focar mais no vínculo entre as equipes de saúde da família com a população atendida, por meio do fortalecimento dos serviços de promoção à saúde e prevenção.
Como parceiro técnico, para desenvolver o projeto inovador e alcançar as metas definidas, o Instituto Tellus utilizou a sua metodologia autoral, que tem como foco desenhar e implantar experiências de serviços públicos centrados no cidadão. Para tanto, ela é composta por quatro fases: diagnóstico, exploração, cocriação e implementação.
A primeira etapa consistiu, portanto, na pesquisa dos dados primários e secundários necessários para possibilitar o mergulho no contexto de atuação. No Viva Saúde, o diagnóstico se propôs a conhecer profundamente a realidade do local e dos usuários do sistema de saúde.
Ceilândia tem uma população total de 461.057 habitantes e, segundo dados da Secretaria de Saúde (SES-DF), trata-se da região administrativa mais populosa do Distrito Federal, correspondendo a 15,5% de sua população. Ademais, possui 18 Unidades Básicas de Saúde e a UBS 8 abrange uma área com 29 mil habitantes, também de acordo com a SES-DF.
O espaço físico da unidade e as suas necessidades também foram analisados nessa fase inicial, o que possibilitou entender o que precisaria ser feito em termos de reestruturação. Isso incluiu, por exemplo, adequação das redes elétrica, hidráulica e de combate a incêndio e pânico, instalação de bicicletário, manutenção do piso e melhoria da sinalização do estacionamento, aprimoramento dos fluxos de trabalho, organização de materiais e mobiliários, manutenção de equipamentos e muitos outros itens.
Nessa etapa do trabalho, foram realizadas:
Ao final, foram entregues um mapa de diagnóstico e oportunidades, relatório de análise com insights e perguntas iniciais, decisão do foco de atuação e mapa de envolvidos no projeto Viva Saúde.
Durante a exploração, temos o aprofundamento do diagnóstico, com a finalidade de definir melhor o desafio norteador e identificar as oportunidades de inovação para aperfeiçoar a qualidade dos serviços e do espaço físico da USB 8 para servidores e usuários.
Logo, nessa segunda fase, a equipe Tellus elaborou, juntamente com o arquiteto do projeto, a planta baixa do local e o projeto 3D, bem como uma lista de compras preliminar com os itens e equipamentos que precisavam ser adquiridos para a prestação de serviços na unidade.
Além disso, esse também foi o momento de buscar entender os fluxos de trabalhos existentes no local e avaliar formas de melhorar o seu funcionamento. Ainda, para ajudar a compreender as necessidades dos diferentes tipos de públicos atendidos, foram construídas personas. Tudo isso foi possível por meio da realização de reuniões, oficinas, entrevistas e uma pesquisa de campo, além do acompanhamento de visitas domiciliares.
A cocriação é o momento da construção de hipóteses e do mapeamento das soluções para a realização do objetivo em questão. Na metodologia autoral do Tellus, essa etapa é realizada “com” o cidadão e não “para” o cidadão. Por isso, no projeto Viva Saúde, servidores e usuários também estiveram presentes e foram fundamentais no processo.
“A inovação que o projeto Viva Saúde deixa para sociedade foi o processo em si: de escuta ativa e cocriação de soluções que culminou na reestruturação física da Unidade Básica de Saúde 8 de Ceilândia. Tenho orgulho em dizer que entrevistamos desde o subsecretário de saúde até a responsável pela limpeza da unidade, buscando compreender suas dores, sonhos e desejos para a UBS”, afirma Natália Magaldi, consultora do projeto.
A partir das informações obtidas nas primeiras fases, realizou-se a clusterização das ideias e, posteriormente, construiu-se um programa de formação com turmas de 20 a 25 colaboradores da UBS para aprofundamento de temáticas que apoiariam a melhoria da qualidade do atendimento.
A capacitação incluiu tópicos como comunicação não-violenta, uso do e-SUS, acolhimento humanizado, Design Thinking, gestão criativa e liderança colaborativa. Ao total, foram oferecidas 120 horas de treinamento, que tiveram cerca de 100 participantes.
Na fase da implementação do projeto Viva Saúde, o Instituto Tellus concretizou todo o processo de seleção da empreiteira e início da reforma da unidade de saúde, além de buscar a aprovação da obra nos órgãos responsáveis (Vigilância sanitária, Companhia energia, Corpo de bombeiros, CAP/SEDUH).
A implementação foi realizada a partir de um cronograma também desenhado nessa fase e contou com um processo constante de acompanhamento da reforma, que se apoiou em diversas ferramentas — diário de obra, fotos, relatório e apresentação.
A equipe também foi responsável, ainda, por planejar e executar a inauguração da UBS 8, que ocorreu em dezembro de 2020 com a presença de toda a equipe de colaboradores da unidade.
O espaço totalmente renovado conta, atualmente, com seis salas de acolhimento, doze consultórios para os médicos, enfermeiros e equipes de saúde da família, três consultórios odontológicos, farmácia e sala de vacinação. Além disso, os fluxos de serviços oferecidos foram reformulados para ocorrer de forma mais efetiva e humanizada. A partir da reestruturação, a unidade passa a ter capacidade de atender aproximadamente até 30 mil pessoas por mês.
“O projeto Viva Saúde traz uma implementação das necessidades identificadas em conjunto com a comunidade local, os servidores da UBS e da Secretaria de Saúde para realizar a reforma e as capacitações. As melhorias podem ser replicadas em outras Unidades Básicas de Saúde que apresentam desafios similares relacionados às regulamentações sanitárias e ao atendimento humanizado”, explica Marco William, consultor líder do projeto.
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