Investimento de impacto é um tema que tem ganho cada vez mais relevância. No Brasil, o estudo “Panorama do Setor de Investimento de Impacto no Brasil”, realizado pela Rede Aspen de Empreendedores de Desenvolvimento e Associação de Capital Privado na América Latina (LAVCA), mostrou que o investimento de impacto cresceu 42% no biênio 2016 e 2017. No mesmo período, o montante aplicado foi de US$ 131 milhões.
De acordo com a revista Época Negócios, “o setor com o maior número de operações foi o de tecnologia da informação e comunicação — com 23% do total — seguido pelo de saúde (10%).” Em paralelo a este cenário, segundo a ONU, “dados de 2019 do Investor LATAM, [mostram que] apenas 8% dos investimentos financeiros na América Latina são destinados ao empreendedorismo feminino frente a 16% de projetos liderados por homens, ‘apesar do grande potencial de retorno financeiro que mulheres apresentam’, destacou a especialista em Investimento de Impacto e Financiamento Inovador do Escritório Regional da ONU Mulheres para as Américas e Caribe, Gabriela Rosero.”
Em matéria publicada no último dia 14 de novembro, pelo jornal Valor Econômico, “o setor privado no Brasil normalmente não é parceiro de iniciativas que puxam novas frentes no mundo, como a crise climática. Ele é parceiro de coisas que já estão mais estabelecidas, demonstram efetividade e só precisam de escala”, afirmou João Paulo Capobianco, que dirige o Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS).
O crescimento e as novas perspectivas dos investimentos de impacto não são uma particularidade do Brasil. Na Nova Zelândia, apenas 1% dos ativos privados (algo em torno de US$ 889 milhões) estão focados em investimentos de impacto. Ainda assim, “há um grande interesse e demanda por investimentos de impacto de todos os grupos de investidores, abrangendo diversas classes de ativos e áreas de impacto”, disse Simon O’Connor, da Responsible Investment Association Australasia. E a perspectiva é que o investimento de impacto cresça cerca de seis vezes nos próximos cinco anos.
A Universidade de Auckland e a Responsible Investment Association Australasia (RIAA) pesquisaram 100 investidores, que, juntos representam US$ 83.5 bilhões em ativos sob gestão. Os entrevistados disseram que planejam alocar US$ 5.9 bilhões em investimento de impacto nos próximos cinco anos, com US$ 3.4 bilhões provenientes de investidores de impacto ativos e US $ 2.5 bilhões de recém-chegados a este cenário.
O cenário da Nova Zelândia é ainda mais interessante quando se olha para a questão cultural do povo nativo da região. Os princípios da comunidade Maori, a kaitiakitanga, tem relação com a gestão sustentável dos recursos naturais. Quando esses recursos são comprometidos por um desenvolvimento inadequado, um modo de vida também é comprometido. O termo tem uma afinidade natural com o investimento de impacto, que já virou parte do vocabulário dos gerentes ambientais do país.
Baseados na kaitiakitanga, os investidores Maori devem investir até US$ 2 bilhões por ano nos próximos dez anos. “Existe uma oportunidade e, de fato, um impulso crescente para que as noções de impacto maori se tornem uma parte fundamental da identidade de investimento de impacto nacional da Nova Zelândia”, afirma Simon O’Connor, da RIAA.
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